Edições Antigas >> Edição n° 8 >> Matérias >> Ciências - Problemas de Comunicação: Fala e Linguagem

O processo de aquisição da comunicação é lento, gradativo, evolutivo e envolve diferentes fatores: orgânico, psicológico, cultural, afetivo, etc., além das relações estabelecidas entre eles. Os problemas de comunicação, fala e linguagem podem ser percebidos desde o início da infância, e vários deles podem ser superados com o decorrer do tempo.

Dentre os problemas podemos destacar:

1 - Mutismo
É a incapacidade de articular palavras, impedindo a comunicação verbal. As principais causas do mutismo são decorrentes de transtornos do sistema nervoso central (A.V.C.), de problemas auditivos e distúrbios psicológicos.

2 - Mutismo Seletivo
Trata-se de um distúrbio pouco freqüente que se caracteriza pela ausência total e persistente da linguagem, em determinadas circunstâncias ou diante de determinadas pessoas. Ocorrem, principalmente, em crianças que tenham adquirido linguagem e que a utilizam adequadamente em outros contextos e/ou em presença de outras pessoas.

3 - Dislalia ou Distúrbio Articulatório
Caracteriza-se por ser um distúrbio na articulação dos sons, fundamentalmente devido a dificuldades na discriminação auditiva e/ou problemas orofaciais, fatores psicológicos e ambientais. Como todo problema de fala, a dislalia pode interferir no aprendizado da escrita.

A dislalia pode se manifestar de diversas formas, como mostram os exemplos a seguir:

  • Omissão: não pronuncia alguns sons. Exemplo: "Omei oa ola" (tomei coca-cola).
  • Acréscimo ou inserção: introduz mais um som. Exemplo: "atelântico" (atlântico).
  • Distorção: deixa a língua entre os dentes ao emitir os fonemas [s] e [z], deformando-os. Exemplo: aproxima; azedo.
  • Substituição: troca alguns sons por outros. Exemplo: telo a boneta" (quero a boneca).

4 - Disglossias
Anteriormente denominadas "dislalias orgânicas", consistem em dificuldades na produção oral, devido a alterações anatômicas e/ou fisiológicas dos órgãos articulatórios. Seguindo-se a divisão anatômica dos órgãos periféricos da fala, pode-se distinguir os seguintes tipos de disglossias: labiais, mandibulares, linguais, palatinas e nasais. A fissura palatina ou o palato ogival são algumas das alterações anatômicas que podem levar à disglossia.

5 - Disartria
É um problema articulatório que se manifesta na dificuldade para realizar alguns ou muitos dos movimentos necessários à emissão verbal.

Como a passagem de um movimento a outro também é difícil, a fala disártrica pode ficar mais lenta e arrastada, além de apresentar quebras de sonoridade quando ocorrem espasmos musculares. Por isso, a disartria deve ser considerada como um problema de articulação que envolve distúrbios de ritmo e entonação. Suas causas são freqüentemente orgânicas: paralisias gerais, tumores cerebrais, etc.

6 - Disfluência
Mais conhecida como gagueira, é um distúrbio que afeta a fluência da fala e caracteriza-se por interrupções no ritmo e na melodia do discurso. As interrupções podem consistir em repetições, bloqueios, prolongamentos, hesitações, movimentos associados, evitação de palavras, embora geralmente, as manifestações ocorram conjuntamente.

7 - Disfasia
Denominada também como "afasia congênita ou de desenvolvimento", a disfasia se caracteriza por um distúrbio profundo dos mecanismos de aquisição da linguagem. Costuma ocorrer uma defasagem cronológica importante, problemas de compreensão, bem como uma aquisição que não se ajusta aos padrões evolutivos esperados. Devido a dificuldade de definição etiológica, seu diagnóstico é bastante controverso, sendo assim pouco freqüente no meio escolar regular.

Diante do exposto, devemos considerar a importância da intervenção precoce, preferencialmente antes dos cinco anos, para que o indivíduo não enfrente problemas relacionados à comunicação durante a fase de alfabetização. Para isso sugerimos que um profissional habilitado seja consultado, para que possa realizar uma avaliação precisa e prescrever procedimentos a serem tomados pelos pais, familiares, professores, amigos, etc.
(Segunda parte do texto de Educação Especial publicado na edição nº7 do Viva!. Continuará no Viva! nº 9).

Esp. Milena C. C. de Siqueira
aoki@iee.efei.br
Prof. Ms. Claudia A. Stefane
claustefane@hotmail.com