A
Síndrome de Down (SD), caracterizada pela primeira
vez por Down (1866) e descrita por Lejeune et
al.. (1959), é uma das alterações cromossômicas
mais conhecidas e freqüentes em humanos, sendo
detectado um caso a cada setecentos nascimentos.
Embora a maioria dos afetados apresente uma cópia
extra do cromossomo 21 (trissomia do 21), alguns
casos mais raros, envolvendo trissomia parcial,
definem uma região comum a todos os portadores
da síndrome, denominada "Região Crítica da Síndrome
de Down". Desta forma, não é necessário a presença
de 3 cromossomos 21 para desenvolvimento da Síndrome
e sim, de que esta região crítica, presente neste
cromossomo, esteja em triplicata.
As
características mais marcantes da Síndrome, além
das características físicas peculiares, são o
retardo mental e problemas cardíacos, sendo que
o primeiro afeta todos os portadores e o segundo
cerca de 40% deles. Embora o diagnóstico da Síndrome
seja relativamente simples não há ainda um tratamento
que possa minimizar os seus efeitos. Em 1995 pesquisadores
espanhóis isolaram um gene que produz uma proteína
que suspeita-se estar envolvida com a Síndrome
de Down. Este gene localiza-se no cromossomo 21,
justamente na região denominada crítica, e é expresso,
ou seja, ativo, principalmente em cérebro e coração
(as áreas mais afetadas pela Síndrome). Um laboratório
brasileiro, na Universidade Federal de São Carlos,
isolou este gene e está desenvolvendo estudos
relativos a proteina por ele produzida. O intuito,
a longo prazo, é a partir de estudos da estrutura
da proteína fornecer subsídios para o desenvolvimento
racional de drogas que bloqueiem a atividade desta
proteína, já que a sua produção em excesso pode
ser uma das responsáveis pelas características
da Síndrome. Desta forma, poder-se-ia não reverter,
mas talvez controlar e amenizar o quadro clínico
dos portadores. Esta abordagem é uma abordagem
que tem sido intensivamente utilizada e o exemplo
mais claro é a inibição da atividade da protease
(enzima que quebra proteína) do HIV por drogas
construídas baseadas na estrutura da protease
(drogas presentes no famoso "coquetel"). Uma outra
intenção do laboratório é estudar como este gene
é regulado, ou seja, o que faz com que ele seja
mais ou menos expresso e produza consequentemente
mais ou menos proteína. Estes estudos permitirão
talvez, encontrar meios mais rápidos de conter
a expressão do gene amenizando desta forma o quadro
da Síndrome de Down.
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